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By Anna e Ron

sexta-feira, 13 de julho de 2012

15 capitulo de O melhor pra mim


"O Melhor pra Mim"



Capitulo 15
Quarta-feira, dia 4 de Novembro, 23:21, QG inimido.

Thur:
- Oi, Clara. – Lua acenou para uma mulher imensa que assistia ‘Um Virgem de 40 anos’ na televisão assim que entrou em casa. A mulher se virou com alguma dificuldade e apertou os olhos para focalizar a imagem.
- Oi, Lu! – acenou, alegre. – Oi, estranho! – disse, olhando pra mim.
- Esse é o Arthur, o menino que eu estou ajudando. – ela falou, um pouco relutante.
- Oi, Arthur! – Clara me cumprimentou novamente, agora um pouco feliz demais. – Meus funcionários me disseram que vocês são ótimos! Se eu pudesse pegava sua banda pessoalmente, mas como vê, estou sem condições no momento… – ela apontou para a barriga enorme. – Mas vocês estão em boas mãos!
- Muito obrigado pela oportunidade, Sra. Blanco! – agradeci.
- Clara, você não deveria estar descansando? A qualquer momento seu hipopótamozinho sai daí e você vai reclamar que “está cansada demais para ter um filho!” – Lua dizia, enquanto subia as escadas. Fui atrás dela, sem saber exatamente o que fazer.
- Já estou subindo, mamãe! – ela gritou. – Não faça nada nesse quarto que eu não faria! – então nós entramos no quarto de Lua e tudo emudeceu.
A casa dela até que era aconchegante. Um pouco diferente do castelo do Drácula que eu imaginei… Alguns quadros na parede, um poodle toy saltitante e carente e muitas sacolas coloridas. Roupas, brinquedos e todo o necessário para colocar um monstrinho no mundo.
Já seu quarto era outra coisa.
Paredes num tom de verde escuro, pôsters forrando cada metro cúbico de tinta, uma cama desarrumada e muitos livros espalhados por todo lado. Se eu tivesse claustrofobia morreria assim que a porta se fechasse.
Ela se dirigiu ao banheiro sem dizer uma palavra, obedecendo meu discurso “temos que começar a te ajudar, urgente” que fiz antes de entrarmos na casa, e eu joguei um frasco de shampoo tonalizante em cima dela, acertando suas costas. Ela gemeu algo parecido com um “ai” e bateu a porta, mas antes pude ver sua calça escorregando pelas pernas.
Isso me perturbou um pouco.
Mas de um jeito bom, preciso admitir.
Deitei-me em sua cama e ela era tão fofa e quente que eu apaguei por alguns instantes. Mais ou menos meia hora depois ela saiu, forrando o quarto de fumaça. Acordei com o barulho do ‘clic’ da porta e fui até seu armário, como se já estivesse rondando pelo quarto há muito tempo.
- Não acredito que eu vou deixar você me mutilar desse jeito! – resmungou, esfregando uma toalha preta pelo cabelo. Estava com outra enrolada pelo corpo, mas as alcinhas do que eu pensei ser um sutiã estavam a vista, então ela não estava pelada. E eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim… – Sério, eu nem sei onde eu estava com a cabeça pra te colocar nesse rolo pra começo de conversa! Eu gosto do meu cabelo como ele é, não quero ele mais claro… - Lixo, lixo, lixo… – eu ia jogando todas as calças desgastadas, todos os moletons rasgados e todos os tênis desbotados no chão. As únicas coisas bonitas que havia visto até aquele momento foram uma calça jeans skinny preta e um scarpin roxo de verniz. – Francamente, até o Micael se veste melhor que você!
Nossa, aquela tinha doído até em mim.
Lua jogou a toalha preta no chão e eu me virei de volta para o armário. Depois me virei para ela novamente, porque provavelmente eu estava vendo coisas. Mas eu não estava… Lua continuava ali, e o que eu havia visto também.
Pisquei os olhos várias vezes. Não era possível. Lua estava… Bonita!
Meu Deus, não acredito que eu disse mesmo isso.
Mas ela não estava só bonita. Ela poderia muito bem participar de um concurso de miss!
Todos os seus traços estavam a mostra, e com o cabelo um pouco mais claro, eu podia ver seus olhos. Suas maçãs do rosto eram rosadas e me davam vontade de apertar. Seus olhos eram grandes e expressivos, e seus cílios quase tocavam o começo das sobrancelhas, que, por sua vez, eram desenhadas com perfeição.
- Eu… Da… – tentei dizer algo, mas não conseguia. Minha língua parecia estar presa ao céu da boca.
- Quê? – ela perguntou, rabugenta como sempre, pegando um dos moletons que estavam chão. – Eu gosto desse… O que ele tem de feio!?
Olhei para o moletom verde musgo com o Pateta desenhado, piscando sem parar, perplexo.
- Eu… É… – minha boca não me obedecia. Graças a Deus ela não percebeu minha súbita gagueira. Na verdade, ela só jogou os cabelos molhados para o lado e deitou-se na cama, observando o teto do seu quarto forrado de pôsters. – É feio. – murmurei, ao poucos voltando a conversar como um ser humano.
Eu estava pasmo. Como um banho bem tomado e uma pequena mudança na cor de um cabelo poderia transformá-la de olha-ali-aquela-menina-que-esquisita em meu-deus-acho-que-estou-apaixonado!?
Balancei minha cabeça, tentando apagar tudo o que eu estava pensando. E tentando esfriar meu corpo, que parecia um carvão em brasa.
Então, para piorar tudo, ela se levantou com um salto, ficou de frente para mim, desenrolou a toalha que tinha em volta do corpo e ficou só de calcinha e uma segunda pele preta.
Na minha frente.
Na minha frente!
Mas o que diabos estava acontecendo naquele quarto?
- Então me diz: Em que tipo de roupa eu ficaria bonita!? – ela perguntou, como se não estivesse quase pelada na minha frente. Na verdade, era como se fosse normal para ela ficar de calcinha na frente de pessoas estranhas. E só de pensar que mais alguém a viu daquele jeito me deixou nervoso.
Mas o que diabos estava acontecendo naquele quarto?
- Eu preciso mudar alguma coisa!? Porque não acho que eu tenha o corpo feio… – ela deu uma voltinha, se olhando no espelho do armário. – Tenho?
- Lindo… – murmurei, hipnotizado. Ela tinha o quadril largo e a cintura fina. Seu colo era proporcional ao resto do corpo e sua barriga chapada.
- O quê? – ela perguntou, ficando um pouco constrangida – ou fingindo estar constrangida – pelo jeito que eu a olhava. Não a culpava… Quero dizer, se eu parecesse estar tão obcecado por fora quanto eu estava por dentro, eu ficaria com medo de ficar no mesmo quarto que eu mesmo.
Deu pra entender?
- Limpo! Limpo… – respondi, balançando a cabeça e desviando os olhos do seu corpo semi-nu. – Agora seu rosto está limpo, já separei tudo que você não pode usar nunca mais e eu acho que nós vamos comprar algumas roupas amanhã… Você tem cartão de crédito!? – perguntei, tentando mudar de assunto, olhando para sua janela, com o rosto completamente oposto à ela.
O que diabos ela estava pensando? Tirar a roupa na frente de um homem!? Se ela fosse feia, como eu pensava que era por debaixo de todas aquelas roupas, tudo bem, mas pra piorar as coisas ela tinha tudo em cima!
- Nossa, eu sou tão repulsiva assim!? – ela perguntou, pegando suas roupas no chão.
“Nem um pouco!” pensei. Mas era claro que eu não poderia dar o braço a torcer… Se ela soubesse de um quarto dos meus pensamentos naquele momento, eu estava ferrado.
Então eu só disse:
- Nem tanto, só um pouquinho.
- Idiota… – ela murmurou, colocando uma roupa qualquer que pegou no chão.
“Droga!” pensei, enquanto ela vestia um blusão pela cabeça.
Assim que acabou de colocar a roupa, veio em minha direção. Todo o calor que eu estava sentindo antes voltou com força total. Meus olhos não me obedeciam, cravados em seus lábios vermelhos.
Meus Deus, eu nunca havia ficado daquele jeito na presença de alguma garota antes! Tudo bem que eu geralmente estava chapado demais pra ao menos perceber a garota perto de mim, mas aquilo era estranho demais! Eu nem conhecia Lua direito! Porque estava me comportando como uma criancinha andando numa montanha-russa pela primeira vez?
- Compras amanhã? – ela perguntou, assim que ficou de frente pra mim. Balancei a cabeça feito um idiota. – Ótimo, então… – ela se curvou, passando com o rosto muito próximo ao meu. Ela estava dando em cima de mim ou o quê? – Pode ir embora. – disse, voltando a ficar de frente pra mim, me entregando as chaves do carro, que estavam atrás de mim na sua escrivaninha.
Claro… Como pude ser idiota ao pensar que ela estaria dando em cima de mim? Quando uma menina como Lua Blanco conheceria os efeitos do flerte!? Ela só estava sendo repulsiva e ingênua como sempre…
- Valeu, nerd, até amanhã. – dei um peteleco no seu nariz e caminhei rumo a porta. Mas antes de ir embora, me virei, só por desencargo de consciência. E eu posso jurar que a vi sorrindo debilmente enquanto pegava suas roupas do chão.

Continua..

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